Olá, meu nome é Emílio. Passei minha infância, basicamente, em uma cidadezinha do interior do nordeste de Minas, chamada Salto da Divisa. Durante a adolescência, estudei em Belo Horizonte, mas retornei à cidade do interior onde grande parte da minha família mora. Fiz faculdade de Direito, mas não exerci, resolvi assumir a fazenda da minha família.
Até esse momento, minha vida seguia um curso normal, como a de qualquer pessoa. Em 2015, aconteceu meu despertar espiritual e comecei a minha jornada como buscador. Nesse ano uma forte seca atingiu a fazenda. Uma devastação total, causado pelo el niño, abateu a região e eu tive que vender todos os animais da fazenda, ficando sem nada pra fazer.
Essa situação me trouxe pensamentos negativos, que tomaram conta da minha mente e do meu corpo. Quando me dei conta, estava com uma depressão enorme. Assim que acordava, pensava: “Meu Deus porque acordei, que saco, a vida é tão ruim”. Era como se uma barra de ferro gelada estivesse em meu peito, uma agonia difícil de mensurar. E com todos esses pensamentos agonizantes, comecei a passar muitas noites em claro.
Para mim, a vida havia chegado no limite do insuportável. E só não fiz nada contra a minha existência nesse mundo, pois, de alguma forma, sabia que isso não resolveria a minha dor. Mesmo assim, eu continuava sentindo uma dor e uma paralisia terríveis, não tinha vontade de fazer nada e não sabia como parar aquilo que sentia. Os dias passavam, mas o desassossego, a agonia e os pensamentos ruins permaneciam.
O fim do ano chegou. Todos planejando viagens e indo celebrar, mas como eu poderia ir a uma festa naquele estado? Eu não queria ficar sozinho, mas também não queria comemorações. Isso me afligiu ainda mais.
Foi então que vi uma frase que estava escrito: “Uma experiência real com Deus”. Era isso. Eu precisava de uma experiência real com Deus.
Sempre acreditei, em meu interior, que existe uma inteligência maior, algo além do que nossos olhos conseguem ver, mas nunca havia tido contato com nada disso. Eu afirmei comigo mesmo: “Eu sei que Deus existe e agora quero ter uma experiência real com ele!”
Assim, resolvi passar o final do ano em algum local no meio da natureza, orando e pedindo que Deus se revelasse para mim, que tivesse outras pessoas com esse intuito. Descobri um local, aleatoriamente, pelo google, chamado Pedra do Sabiá, em Itacaré, na Bahia. Fiquei dez dias por lá, em uma imersão deliciosa. Trilhas pela Mata Atlântica, banhos de lago, yoga, atividades de autoconhecimento, abraços, banhos de rio, orações e muita diversão vivenciada. No findar dos dez dias, eu me sentia outra pessoa, bem melhor do que até então, mas ainda não tinha tido a tão esperada experiência real com Deus que tanto queria. Decidi seguir minha empreitada até que Deus se revelasse pra mim.
Fui para Barra Grande, na Bahia, nessa mesma pegada: isolamento, caminhadas pela natureza, orações. Fiquei três dias. Depois, fui para Morro de São Paulo. Acordava às cinco da manhã e dormia às oito da noite, andava sozinho pela natureza e orava a todo momento.
Dezesseis dias se passaram, desde que eu havia saído de casa para ter uma experiência real com Deus e nada. Eu orava e pedia para que Ele se revelasse pra mim, mas isso não acontecia. Eu já tinha gastado muito dinheiro nas viagens, era hora de voltar. Exclamei para mim mesmo: “Eu sei que Deus existe, mas ele não quer aparecer pra mim. Paciência! Amanhã vou embora, mas hoje vou à uma festa, arrumar uma namorada, isso também é Deus, vou ser feliz.”
Comprei um convite para uma festa e fui até a sacada de um restaurante, que fica ao lado do arco da entrada da cidade, para tomar uma cerveja e aguardar o horário de início.
Um senhor chegou junto a mim na sacada e disse olhando para o jardim em frente, cheio jovens bêbados: “É triste algumas opções de vida que as pessoas escolhem para si”. Eu apenas concordei com ele. Em seguida, perguntou: “E você, gosta de fazer o que?”. Disse que gostava de montar a cavalo, correr, nadar, de natureza. Ele continuou a conversa falando que havia uma praia muito linda, perto dali, e se eu queria encontrá-lo, no dia seguinte, às sete da manhã para nadar no local.
Eu, desconfiado, dei uma olhada muito estranha para aquele senhor, já que nunca havíamos nos vistos antes. Falei que iria para uma festa. Ele questionou: “Você não está em uma busca?! Me mandaram aqui pra te encontrar”. Ao ouvir essa última fala, o que no início era desconfiança, virou um sentimento de certeza. Falei que ele havia me convencido, iria para o hotel dormir e, no outro dia cedo, encontraria com ele ali mesmo em frente.
Paradoxalmente, minha mente julgava a situação como ilógica, que eu poderia estar entrando em um perigo, que aquele senhor poderia ter detectado uma carência em mim e estaria jogando com isso. Pedi a conta e disse que iria para o hotel. O senhor pediu permissão para me acompanhar e aceitei. Fomos caminhando até lá e, quando fui despedir, ele pediu um abraço e eu concedi. Foi então que recebi o abraço mais desconcertante e longo da minha vida. Rosto com rosto, barriga com barriga, coração com coração. Aquilo me incomodou demais, ao ponto de eu desconfiar que aquele senhor poderia estar com segundas intenções comigo.
O abraço terminou e ele se foi. Eu subi as escadas para o meu quarto, totalmente confuso, pois estava há dezesseis dias procurando Deus e quando desisti, acontece isso. Será que Deus é humorista? Sarcástico? Pensei. Paguei caro em um convite para uma festa que iria perder. Será que aquele senhor não tinha nada haver com Deus?! Bom, eu estava determinado a descobrir!!!
Entrei no quarto, peguei a bíblia e fiz o que costumava fazer quando queria uma resposta. Abri a bíblia aleatoriamente e li uma parte pra ver se trazia clareza sobre aquela situação. Mas nada do que li fez sentido. Resolvi dormir. Assim que apaguei as luzes e deitei, aconteceu. Foi como se um fio de alta tensão tivesse caído dentro do quarto. Senti uma energia enorme, grande mesmo, era puro Amor Incondicional!!! Eu comecei a chorar de soluçar e agradecer.
A luz estava em todo quarto, mas eu identifiquei três tubos mais fortes, como três pilastras de luz. Uma estava ao meu lado esquerdo, uma ao meu lado direito e uma nos pés da cama. Uma tríade. Achei que fosse Deus, Jesus e o Espírito Santo. Eu apenas chorava e agradecia a esses três. A energia seguiu passando pelo meu corpo me limpando. Na minha barriga parecia uma lipoaspiração. Eles trabalhavam energeticamente em mim até que a energia começou a passar fluidamente pelo meu corpo, e eu me dilui no oceano do Amor Incondicional. Eu era eu, mas era também todo o Universo. Não tinha mais limites, eu era bem mais do que meu corpo, eu era o TODO.
Em seguida, essa energia da tríade me levou a um jardim. Meu pai chegou e eles disseram: “Olha pra seu pai agora!”. Eu consegui ver toda a grandeza, integridade, força e amorosidade do meu pai. Chorei e agradeci porque eu tinha uma grande rejeição a ele. Eles disseram: “Você está limpo, consegue ver da mesma forma a todos!”. Trouxeram minha mãe: “Olhe pra sua mãe agora”. Eu olhei e vi toda luz dela. Eu chorei e agradeci, pois jamais havia visto, a minha mãe, daquela maneira. Eu tinha uma grande rejeição por ela também.
Trouxeram meus irmãos e consegui enxergá-los de uma forma nunca vista antes. Um amor que não imaginava que eu ainda sentia, como se tudo tivesse sido desembaraçado. Eu conseguia vê-los, novamente, dentro da integridade de cada um e da minha.
A tríade direcionou-me, novamente, ao quarto onde eu estava. Explosões de energia aconteciam dentro de mim, como se eu fosse uma estrela de Amor Incondicional. Essa energia permaneceu por bastante tempo. Eu a derramava para fora de mim, espalhava-a por toda Terra, irradiando. Depois a energia foi diminuindo, até que a tríade se foi.
Não consegui dormir. Esperei amanhecer e fui correndo para o encontro com o senhor que tinha me abordado no restaurante. Queria que ele me explicasse o que havia acontecido, até porque essa energia ainda estava em mim. O ponto no meio da minha sobrancelha pulsava, meu coração estava limpo e, quando eu respirava, quantidades enormes dessa energia entravam e saiam de dentro de mim.
Cheguei ao local marcado e ele estava lá. Eu não queria falar sobre o que tinha vivido naquela noite. Queria que ele me dissesse. O que eram aquelas energias e a tríade? Era Deus, Jesus e o Espírito Santo?
O senhor estava em silêncio, cumprimentou-me e disse: “Senti que a gente não vai nadar, vamos caminhar até o topo da montanha, onde fica o mirante do Farol de Morro de São Paulo e podemos conversar.” Eu concordei e fomos caminhando em silêncio. Eu estava me contorcendo por dentro, pois esperava que ele explicasse o que havia acontecido comigo, sem que eu mencionasse nada. Quando chegamos na metade do caminho, não aguentei e perguntei:
(EU) “O senhor poderia me dizer o que aconteceu ontem à noite?”.
(ELE) “O que aconteceu ontem à noite?”.
(EU) “O senhor não sabe?”.
Com serenidade, ele respondeu: “Não, não sei”.
Eu revelei a experiência e questionei se era Deus, Jesus e o Espírito Santo no quarto. Também disse que meu corpo estava diferente, que várias coisas dentro de mim estavam se abrindo, que o ponto da minha sobrancelha estava pulsando e que, quando respirava, uma grande quantidade de energia entrava em mim e saia por esse ponto entre as sobrancelhas, pelo coração e pelas mãos.
O senhor, calmamente, disse que eu tinha ganhado um grande presente, que poucas pessoas se permitem receber o que eu recebi, que eu havia passado por uma iniciação e os seres que foram no meu quarto eram seres de muita luz e consciência. Prosseguiu dizendo que ele tinha contato com egrégoras de luz, que o amor é uma energia real, palpável e bastante forte e que podemos mover essa energia, pois somos essa energia, basta nos abrirmos para isso.
Disse que esses seres pediram para que ele me auxiliasse e ele abriu esse espaço pra mim. Aconselhou-me a ficar mais quieto, introspectivo, contemplando a natureza, pois eu havia recebido uma quantidade muito grande de energia. Recomendou que eu não bebesse, não fumasse e passasse os próximos dias bem tranquilo, em contemplação com a natureza.
Estávamos no mirante de Morro de São Paulo e toda aquela vista linda diante de nós. Eu estava em paz, embora meu corpo estivesse estranho, diferente: sentia que estava limpo, transparente. Um respirar era um rio de energia de amor incondicional que passava por mim e jorrava por toda terra. Eu nunca tinha me sentido daquele jeito. Eu parecia uma árvore fazendo fotossíntese, puxava uma pura energia do Universo e soltava um rio de amor incondicional para o planeta todo. Era surreal aquilo.
Em seguida, falei para o senhor: “O que eu vim fazer aqui foi feito. Eu queria ter uma experiência real com Deus e tive. Já estou há muitos dias viajando, hoje mesmo vou embora. Agradeço ao senhor e tudo que me fizeram sentir. Mais uma vez ele reforçou que eu havia recebido muita energia e sugeriu que eu não viajasse. Agradeci novamente, mas disse que iria pegar estrada ainda naquele dia. Nos abraçamos, descemos a ladeira pela floresta e despedimos.
Já no barco, de Morro a Valença, onde havia deixado meu carro, percebi o quanto estava cansado. A viagem seria de 400 km e entendi que não conseguiria viajar essa distância, estava exausto. Então, fechei os olhos e comecei a respirar. Confiante no que estava sentindo, pedi auxílio ao Universo para que chegasse no mesmo dia ao meu destino. Carregava comigo a sensação de que conseguia mover a realidade, através da respiração, e dessa energia que passava pelo meu coração e saia pelo ponto no meio da minha sobrancelha.
Cheguei ao porto de Valença, desembarquei e logo que comecei a andar pela rua em direção ao estacionamento onde meu carro estava, escutei um casal jovem à minha frente falar: “Vamos ver onde pega o ônibus para Eunápolis.” Então eu disse: “Ei, vocês vão para Eunápolis?” Eles disseram: “Sim”. Eu disse que também estava indo para lá, que meu carro estava no estacionamento, que estava sozinho e que, se quisessem, podiam ir comigo.
O casal fez uma breve análise da minha pessoa, pelo olhar que me dirigiram, e, aceitaram a carona. No estacionamento, perguntei se algum dos dois sabiam dirigir um carro automático. O rapaz disse que sim, então entreguei a chave a ele. Falei: “Podem ir os dois juntos, nos bancos da frente do carro. Eu irei no banco de trás, dormindo, estou muito cansado. O documento está no cofre.”
Mais uma vez, senti o olhar do casal, achando tudo aquilo estranho. Para confortá-los disse que poderiam ficar tranquilos, que confiava nos dois e que pudessem confiar em mim. Dei uma referência dizendo que era primo do Rodrigo Pimenta, dono do colégio Pitágoras de Eunápolis. O rapaz disse: “Tranquilo, você pode confiar em nós também, somos médicos, a família dela é de Teixeira de Freitas e a minha é de Eunápolis.”
Pegamos a estrada e cheguei ao meu destino como queria. Se não fosse o casal eu não teria conseguido. Mas naquele ponto eu sabia, nitidamente, que aquilo não era uma coincidência, eu tinha movido a realidade. Mas não sabia como, nem como aquilo poderia acontecer novamente.
Cheguei em casa. Comecei a contar minha experiência para todos os familiares, mas ninguém acreditou em mim. Faziam cara e gestos de que eu estava doido ou inventando tudo aquilo. Fiquei muito frustrado com essa situação. Quando eu fechava os olhos e respirava em uma introspecção os seres de luz vinham. Eu não sabia o que fazer. Chamei minha mãe e disse a ela, mas ela, também, não acreditou. Então pedi que ela viesse até a sala, pedi que ela deitasse no chão, deitei ao seu lado e, com as mãos dadas, chamei os seres de luz para que ela pudesse sentir. Os seres de luz não vieram e minha mãe não sentiu nada e ficou rindo. Aquilo me deu muita raiva e frustração.
Na mesma época notei que não conseguia mais comer carne. Eu amava carne, mas uma porção à minha frente era um bicho morto. Intrigado, fui ao meu quarto e fiz uma introspecção. Os seres de luz vieram e perguntei por que eu não conseguia comer carne. Em uma espécie de comunicação telepática, mostraram que isso acontecia pela energia recebida. Quanto mais sutis ficamos, mais a carne torna-se incompatível com a energia, e que os novos humanos não comerão carne.
Eu estava tendo experiências com esses seres de luz e não sabia como compartilhar isso e eu queria compartilhar e entender mais. A Igreja Católica, frequentada por mim, não permitia trocas, então procurei igrejas evangélicas. Cheguei em uma Igrejinha da minha cidade, Salto da Divisa, para observar como e se poderia movimentar aquela energia. Dois pastores que estavam na frente, me viram chegar. Como eu era uma pessoa nova no ambiente, vieram me cumprimentar e disseram que iriam fazer uma oração comigo já que eu era novo ali. Eu adorei.
Fechamos os olhos e eles colocaram a mão na minha cabeça. Respirei fundo, tentando deixar minha mente vazia e conectar com os seres de luz. Ansioso e cheio de expectativa, demorei para esvaziar a mente e ligar-me aos seres de luz. Quando realmente conectei, uma grande quantidade de energia entrou naquele lugar, a tríade estava em volta de mim e dos pastores, a energia movimentou intensamente e, nesse momento, os pastores tiraram a mão da minha cabeça. Agradeceram a oração e retornaram ao lugar lá na frente. Eu fiquei pasmo por eles não terem sentindo aquela energia.
Algum tempo depois, viajei, com meu primo Régis, para casa de outro primo, José Eduardo. Eu estava no quarto quando os seres de luz entraram. Sai do quarto apressado, quase correndo e disse: “Os seres de luz estão aqui, vocês querem sentir a energia? É fantástico!!!”. Meus primos riram e fizeram chacota: “Endoidou de vez!!!”
Aquilo foi a gota d´água, fiquei frustrado e triste. Para que eu estava recebendo tudo aquilo, sentindo tudo aquilo, sendo que só eu sentia e não conseguia compartilhar com ninguém? Ainda dava a impressão a todos a minha volta que eu estava louco. Não queria mais saber de contato.
Voltei à minha antiga vida, mas com o tempo a tristeza foi tomando conta de mim. Decidi ter mais experiências com Deus e conhecer mais sobre o que tinha acontecido comigo. Foi quando comecei, realmente, minha jornada de buscador.
De 2015 a 2024 foram inúmeras experiências transcendentais e muitas quedas também. E quanto mais alto eu subia, mais no buraco eu caia. Uma verdadeira montanha russa que até hoje tento equalizar. Para entender mais sobre essas experiências, fiz diversos cursos na área holística: Curso de Terapeuta Holístico, Curso de chakras, Curso de Constelação Familiar, Curso de Reiki, Curso de Massagens, Curso de ThetaHealing, Curso de Barra de Access, Curso Amarasí, Curso de Breathwork, Curso de massagem Tântrica, Curso de Frequências de Brilho e inúmeros retiros espirituais.
Depois que tive um pouco mais de entendimento de como funciona as dinâmicas da Terra, resolvi experimentar vivências espirituais com várias medicinas da floresta como a ayahuasca, rapé, bufo alvarius, San Pedro e cogumelos azuis, no intuito de me curar e conseguir ancorar essas energias mais elevadas em mim.
Chego à conclusão que a escola Planeta Terra é uma das mais difíceis desse Universo, por estar coberta de um véu de ilusões. Foram raros os humanos que conseguiram ficar conscientes e de pé nesta Terra. Mas, que sendo terapeuta, meu caminho de volta para casa poderia ser mais fácil, pois, para mim, se acolher é mais difícil do que acolher o outro. Ao me colocar como canal para o outro eu entro em contato com partes minhas muito elevadas e assim posso evoluir mais rápido.